quarta-feira, 3 de agosto de 2011

À minha maneira


Ultimamente não tenho dormido. Só a noite tem trazido a paz e a clareza que me faltam constantemente durante o dia. (Clareza… como se o dia não tivesse claridade suficiente.) Mas a verdade é que esta claridade de facto existe no inicio do dia. No amanhecer, a construção de um dia novo traz um certo nível de claridade e lucidez que se vai perdendo com o avançar do dia, por maior claridade que ele tenha.

Digo isto porque o tema recorrente destes dias é mesmo a vida. Mais propriamente o sentido que ela toma. No caso, a minha, visto a minha egocentricidade não me permitir cogitar lucidamente sobre a vida alheia, pelo menos no momento. A falta de escolhas na vida pode ser um facto castrador mas a abundância delas pode ser exasperante na mesma medida.

Na verdade tenho me debatido com a disparidade entre os caminhos que tomamos e os caminhos que projectamos para concretizar os nossos sonhos. Digo isto porque de uma forma estranha e algo atabalhoada tenho atingido na minha vida metas que de facto sonhava alcançar, mas não da forma que esperava em universo algum. Tenho a dizer que o planeamento a longo prazo nunca foi especialidade minha. Sendo que tudo o que planeio de forma concreta a médio prazo normalmente me corre extremamente mal. Porém, tenho agarrado as oportunidades que me tem surgido a curto prazo e não me tenho arrependido dos pequenos planos que tenho feito na minha vida. Aliás, tem sido eles ao que me tem permitido alcançar alguns sonhos. Contudo, para a maioria dos que me rodeiam esta ideia de “caminho” é terrificamente assustadora, sendo mais assustadora ainda a ideia de uma rapariga “bem resolvida e inteligente” se prestar a esta liberdade e a este jogo se sorte com o destino.

Assim, presentemente debato-me entre que caminhos tomar na minha vida. Na incerteza de criar planos concretos para o meu futuro ou de aproveitar uma nova oportunidade que surja na minha vida. Na verdade a ideia de dedicar toda a minha vida a concretizar algo que não tenho a mínima ideia se vou ser capaz de conseguir levar a cabo é puramente aterradora. Sinto-me mesmo petrificada com medo, e acho que tal abordagem só deve ser tomada quando temos muitas certezas relativamente ao que queremos na vida.

Não digo com isto que não devemos ter objectivos e de que não devemos ter planos para os atingir. A realidade é que também eu os tenho, porém a minha abordagem passa por aproveitar as oportunidades que surgem na minha vida para realizar aquilo com que sonho. Talvez não tenha tomado o outro caminho até hoje pois ainda não encontrei algo que queira com tanta certeza, que valha o risco que é ver a nossa vida a desabar por conta do nosso plano ter falhado.

Pergunto-me se esse dia está a chegar. Mais do que isso, questiono se os caminhos que tomei, até hoje, foram os mais acertados. Pois apesar de ter vivido “à minha maneira” não sei se esta é de facto a melhor maneira.